ERRATA no livro A Ética e suas Negações

No início do capítulo I. Paternidade e Abstenção, a editora Rocco cometeu um terrível erro: eles simplesmente suprimiram uma linha que prejudica totalmente a compreensão da primeira frase. A frase completa é a seguinte:



Durante toda a história da Filosofia, a Ética tem sido Ética do ser, o imperativo moral básico foi sempre ‘Deve-se viver’, e tudo o resto, uma justificativa desse imperativo.



quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

FESTIVAL JEAN-PAUL BELMONDO - curadoria de Julio Cabrera

Ele surgiu nos mesmos anos que Alain Delon, final da década de 50 e inícios dos anos 60, e era muito mais talentoso. Além do mais, era muito feio. Como vivemos num mundo vulgar (Schopenhauer dixit), Delon foi sempre o mais famoso dos dois.

Belmondo tampouco conseguiu fazer carreira internacional, como Delon, mas enquanto este filmava filmes medíocres nos Estados Unidos, Belmondo foi dirigido por todos os mais importantes diretores franceses.

Ele faleceu em 2021 aos 88 anos. Para quem quiser assistir aqueles que eu considero os melhores filmes da época de ouro de Jean-Paul Belmondo, pode seguir o seguinte roteiro:

(1). A double tour (Quem matou Leda?”) (Claude Chabrol, 1959). Sensacional estreia de Belmondo (ele tinha feito algumas coisinhas antes, sem importância), na melhor interpretação do filme, num papel secundário.

(2). À bout de souffle (“Acossado”) (Jean-Luc Godard, 1959). Filme ícone da “nouvelle vague”.

(3). Moderato Cantábile (“Duas almas em suplício”) (Peter Brook, 1960). Filme intimista e lento, antonionesco, com texto de Marguerite Duras e o diretor de “O senhor das moscas” e “Marat/Sade”.

(4). La Ciociara (“Duas mulheres”) (Vittorio De Sica, 1960). Papel secundário, no filme que deu o Oscar a Sofia Loren.

(5). La Viaccia (“Caminho amargo”) (Mauro Bolognini, 1961). Extraordinário filme realista, sobre ambição e poder, com Pietro Germi (um grande diretor, além de ator) e Claudia Cardinale.

(6). Leon Morin, prêtre (“Leon Morin, o padre”) (Jean-Pierre Melville, 1961). Aquí Belmondo mostra que podía fazer papéis distantes de bandidos e marginais.

(7) L’ainé des Ferchaux (“Um homem de confiança”) (Jean-Pierre Melville, 1963). Extraordinário filme noir baseado em romance de Georges Simenon, contracenando com o grande Charles Vanel.

(8). L’homme de Rio (“O homem do Rio”) (Philippe De Broca, 1964). Aventura intranscendente, muito bem filmada, especialmente interessante para brasileiros, com cenas no Rio e em Brasília a pouco de ser construída.

(9). Weekend à Zuydcoote (“Gloriosa retirada”) (Henri Verneuil, 1964). Tenso filme baseado no best-seller de Robert Merle, sobre um soldado francês ilhado em Dunkerque durante a segunda guerra mundial.

(10) Pierrot le fou (“O demônio das onze horas”) (Jean-Luc Godard, 1965). Filme experimental e inovador, com Belmondo totalmente inserido no universo godariano.

(11) Le voleur (“O ladrão aventureiro”) (Louis Malle, 1967). O gélido olhar de Malle sobre a sociedade francesa de começos do século XX, sobre um jovem que inicia uma vida de roubos a partir de uma vingança familiar.

(12). La sirènne du Mississippi (“A sereia do Mississippi”) (François Truffaut, 1969). Um thriller hitchcockiano baseado em conto de William Irish (ou Cornell Woolrich), o mesmo de “A janela indiscreta”. Filme detestado por Quentin Tarantino.

(13) Un homme qui me plait (“O homem que eu amo”) (Claude Lelouch, 1969). Filme romântico com Annie Girardot, do mesmo diretor de “Um homem e uma mulher”, com um dos melhores finais de todos os tempos.

(14) Stavisky (Alain Resnais, 1974). Filme menor do grande diretor de “Hiroshima mon amour”, sobre a vida de famoso fraudador, com soberba atuação do veterano Charles Boyer como o Barão Raoul.

Meus favoritos são: (3), (7), (9), (10) e (11). Há outros filmes interessantes pelo elenco. Un singe en hiver (“Macaco no inverno”) (Henri Verneuil, 1962) é um filme em que duas gerações de interpretação francesa se encontram: Belmondo e o grande Jean Gabin. Mas o filme não me interessou. Belmondo filmou duas vezes com Alain Delon (“Borsalino”, Jacques Deray, 1970, e “Uma chance em duas”, Patrice Leconte, 1998), mas com resultados penosos.

Belmondo fez muito filme comercial, desperdiçando seu inicial talento. Na maturidade, talvez sejam dignos de menção os filmes que ele fez em seu reencontro com Claude Lelouch: “Itinerário de uma criança mimada” (1988), já com 55 anos e “Os miseráveis” (1995), com 62. Mas o melhor de sua obra está na juventude. Depois, como a maioria dos atores, se sobreviveu a si mesmo. Poucos atores tiveram uma carreira brilhante até o fim, como Dirk Bogarde, Burt Lancaster, Charles Laughton ou Jack Lemmon.

Julio Cabrera

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